Alguém comentou certa vez que o pentecostalismo é um movimento à procura de uma teologia, como se não estivesse ele radicado à interpretação bíblica e a doutrina cristã. As pesquisas sobre o desinvestimento histórico e teológico das crenças pentecostais têm revelado, contudo, uma tradição teológica bem elaborada.
O pentecostalismo, enquanto possui muita coisa em comum com as outras denominações evangélicas, apresenta um vívido testemunho da obra do Espírito Santo na vida e na missão da igreja.
O que é ser pentecostal?
O teólogo Robert P. Menzies comentou de forma abrangente que: "pentecostal é todo aquele que crer que as experiências descritas em Atos servem de modelo para a experiência cristã contemporânea, que o batismo no Espírito Santo (At 2.4) é uma capacitação pós-conversão para a missão e que o falar em línguas marca essa experiência".
Fundamentos da teologia pentecostal
* Os pentecostais ainda são vistos por alguns não pentecostais e cessacionistas como um movimento que baseia suas crenças e práticas nas emoções e ensina a crença no cânon aberto. São interpretações equivocadas a nosso respeito. Nós cremos que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos do Novo Testamento (1Co 15.8).
A nossa fonte de autoridade é unicamente a Bíblia, conforme a declaração de fé das Assembleias de Deus: "A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. Não necessitamos de uma nova revelação extraordinária ou pretensamente canônica".
* A experiência no pentecostalismo clássico
É frequente retratarem os pentecostais como extremamente emocionais e experiencialmente conduzidos, mas essa é caricatura da imagem real. Embora os pentecostais incentivem a experiência espiritual, fazem-no com um olho atento às escrituras.
A Bíblia, e particularmente o livro de Atos, fomenta e molda a experiência pentecostal.
Portanto, enfatizamos que, a experiência é uma das "marcas" peculiares do pentecostalismo clássico, mas, todas as experiências manifestas entre nós, de forma nenhuma sobrepõem a palavra de Deus e todas as mesmas são averiguáveis nas escrituras. Ou seja, qualquer experiência precisa passar pelo crivo do texto sagrado. Como dissemos, as experiências não são para nós fontes de autoridade, não! A Bíblia sim o é. Cremos nas experiências sim, por que a Bíblia atesta a realidade e a atualidade das mesmas.
* A tradição no Pentecostalismo clássico assembleiano.
A tradição também tem um lugar peculiar em nosso meio. Assim como em qualquer outro "ambiente religioso". Muito prezamos por todo o legado teológico, doutrinário, que nos foi deixado pelos nossos "pais".
É inegável que nossa história e teologia, tiveram contribuições de abnegados homens e mulheres de Deus, que com suas vidas e ministérios sob o poder do Espírito Santo somaram para que a chama pentecostal "permanecesse" viva. Por meio da abnegação e prontidão dos nossos pais (dentre outros) o Espírito Santo soprou o Evangelho de forma maravilhosa aos rincões do nosso país! A tempo que proclamavam, as "verdades pentecostais" também eram ensinadas e vividas pelos mesmos. Aleluia! Ou seja, era o Espírito Santo convencendo e transformando vidas/como tem feito, pelo poder da sua Palavra!
No entanto, embora reconheçamos o valor e legado da nossa tradição, não colocamos a mesma a pé de igualdade com as escrituras, como fazem outros grupos religiosos. Reafirmamos que a Bíblia é nossa única regra de fé e prática.
Crenças distintivas do Pentecostalismo clássico
1. O batismo no/com o Espírito Santo
A declaração de fé das Assembleias de Deus assevera: "Cremos, professamos e ensinamos que o batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder do alto".
"Eis que sobre vós envio a promessa de meu pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49).
É também uma promessa para os salvos: "e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias" (At 2.18).
O batismo no Espírito Santo é uma experiência espiritual que ocorre junto ou após a regeneração, sendo acompanhada da evidência física inicial do falar em outras línguas: "E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4)
* A evidência do batismo no Espírito santo.
Ainda segundo a declaração de fé das Assembleias de Deus: "O falar em línguas é a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito santo como o "fruto do Espírito" etc.
2. O batismo no Espírito Santo é distinto da salvação.
Os discípulos de Jesus já estavam com seus nomes escritos no livro da vida quando receberam o batismo no Espírito santo: "Mas não vos alegreis porque se vos sujeitam os demônios; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus" (Lc 10.20).
Quando o Consolador desceu sobre os discípulos no dia de Pentecostes eles já tinham o Espírito Santo (Jo 20.22).
O batismo no Espírito Santo é algo distinto do novo nascimento; significa o recebimento de poder espiritual para, entre outras coisas, propósitos missionários.
Portanto, não há qualquer sustentação bíblica para a argumentação de muitos cessacionistas e não pentecostais que dizem ser o batismo no Espírito Santo e a regeneração a mesma coisa.
3. A atualidade dos dons Espirituais.
Clássicos do Pentecostalismo clássico como a Declaração de fé das Assembleias de Deus em seu capítulo XX afirma: "Cremos, professamos e ensinamos que os dons do Espírito Santo são atuais e presentes na vida da igreja" (1 Co 1.7).
Ainda segundo a declaração de fé: "Os dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para o serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da igreja: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil" (1 Co 12.7).
Está evidente nas escrituras a contemporaneidade dos dons espirituais, ou seja, os dons são atuais e não cessaram com o fechamento do cânon, como erroneamente argumentam alguns. O Apóstolo Paulo (entre outros autores sagrados) é claro ao dizer que a manifestação dos dons do Espírito por meio da igreja "durará" até que Jesus venha nos arrebatar (1 Co 1.7; 1 Co 13.8-10)
Declaração de fé das Assembleias de Deus
Credo, confissão de fé, regra de fé ou declaração de fé são interpretações autorizadas das Escrituras Sagradas aceitas e reconhecidas por uma igreja ou denominação.
Todas as igrejas ou denominações no mundo possuem algum tipo de conjunto de crenças, seja ele escrito ou não, não importando o nome dado aos ensinos que norteiam a vida da instituição cristã.
Como já dissemos, a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática.
A nossa declaração de fé, é uma síntese sistematizada daquilo que cremos, segundo as escrituras.
Está exposto de forma sumária na mesma, como nós Pentecostais Clássicos assembleianos interpretamos a Bíblia. A mesma é um documento eclesiástico que organiza, de forma sistemática, as crenças e práticas das Assembleias de Deus no Brasil que já são ensinadas nas igrejas desde a chegada ao país dos missionários fundadores, Daniel Berg (1884-1963), e Gunnar Vingren ( 1879-1933 ).
Embora nossa declaração de fé tenha sido publicada (como temos hoje) apenas em 2017, não significa que não tínhamos uma teologia. Ainda que de forma embrionária e mais sintetizada a nossa igreja "sempre" teve confissões doutrinárias, como por exemplo, uma publicação do missionário Gunnar Vingren no jornal Boa Semente publicada em 16 de abril de 1919 um artigo intitulado "O que nós cremos", com as linhas mestras de nossas crenças.
O nosso Cremos hoje incorporado à declaração de fé, passou a ser publicado no jornal Mensageiro da Paz a partir de junho de 1969.
Vale ressaltar que o mesmo tem passado por revisões.
Além dessas publicações, muitas outras também foram publicadas ao longo desses mais de 100 anos das Assembleias de Deus no Brasil, até chegarmos a esse documento mais elaborado, nossa declaração de fé.
A Declaração de fé das Assembleias de Deus, e "nossa teologia" em face a outros sistemas doutrinários, seitas, heresias e modismos
* Embora nossa Declaração de fé seja composta por 24 capítulos, destacaremos 3 pontos ou doutrinas, da teologia sistemática esposados por nós, que mais são atacados pelos divergentes pela nossa maneira peculiar de interpretá-las! Muitas dessas doutrinas divergentes, heresias, modismos, têm infelizmente infiltrado sorrateiramente no nosso meio! Cuidemos!
São elas:
1. Soteriologia
2. Pneumatologia
3. Escatologia
* Soteriologia (A doutrina da Salvação)
Ainda que nossa declaração de fé, não expôs formalmente, fica implícito que, quanto a mecânica da salvação (a forma como se dá a salvação do ser humano) nós aproximamos e muito dos pressupostos teológicos de Jacó Armínio (Arminianismo) e por conseguinte, de John Wesley.
Isso pode ser percebido nos pressupostos da nossa Declaração de fé e em outras obras publicadas pela CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus).
Ressaltamos que, embora concordamos com os pressupostos (em geral) do Arminianismo quanto a soteriologia, reafirmamos que a Bíblia sim é nossa fonte de autoridade máxima; a única regra de fé e prática.
* O cuidado com as doutrinas calvinistas
O calvinismo no Brasil embora represente uma menor parte do Evangelicalismo Brasileiro, tem agido de forma organizada e firme na defesa e na propagação de suas idéias, por vários meios, principalmente via mídias sociais como: YouTube, Facebook, Instagram, etc.
Algumas idéias do Calvinismo, (especialmente quanto a soteriologia)estão em confronto com as idéias e crenças Pentecostais, e são irreconciliáveis.
Embora respeitemos a forma de pensar do Calvinismo, discordamos do seu modelo soteriológico.
Vale destacar que o perigo da infiltração do calvinismo entre nós se dá principalmente entre os nossos jovens, segundo pesquisas têm apontado. E como dissemos isso se dá principalmente por meio das mídias sociais. Muitos (principalmente jovens) acabam navegando pelas mídias sociais, muitas vezes bem intencionados a aprender, mas, sem preparo e solidificação doutrinária, acabam sendo embebidos pelo vasto conteúdo calvinista/monergista nas mídias sociais. Vigiemos!
* Pneumatologia (Doutrina do Espírito Santo)
Eis uma outra "doutrina" que nós Pentecostais somos "atacados", isso pela forma peculiar da nossa visão pneumatológica!
*O perigo do cessacionismo.
Os cessacionistas são fracionados, e não se pode aferir todos com a mesma régua! Em linhas gerais, os cessacionistas são aqueles que crêem que, os dons espirituais ou parte deles, cessaram com o fechamento do cânon! Ou seja, a ideia de que os dons ou parte deles estavam restritos ao período apostólico. O que é um absurdo e uma discrepância das verdades bíblicas!
Alguns cessacionistas, crêem, por exemplo, que Jesus ainda cura pessoas (pontualmente), mas que jamais uma pessoa pode ter os dons de curar.
Como já dissemos, nós somos continuístas. Cremos na atualidade dos dons Espirituais.
E a esse respeito a Bíblia é clara em afirmar que os mesmos serão manifestos na e por meio da igreja, até que Cristo venha (1 Co 1.7;1 Co 13.10).
Não há nenhum versículo na bíblia que ao menos sugira que os dons cessariam com o fechamento do cânon.
*O cessacionismo e o calvinismo.
Há exceções, mas, via de regra os cessacionistas majoritariamente são calvinistas. O que não quer dizer que apenas calvinistas são cessacionistas e nem que todo calvinista é cessacionista, mas, em geral, sim!
O fato é que o cessacionismo, assim como a soteriologia calvinsta, carece de evidências bíblicas.
O que há são malabarismos hermenêuticos e exegéticos com a finalidade de tentarem sustentar o insustentável.
* Escatologia (A doutrina das últimas coisas)
Quanto à Escatologia nós, Pentecostais Clássicos Assembleianos, somos: Futuristas, dispensacionalistas clássicos, pré-tribulacionistas e pré- milenistas.
Acerca de nossa Escatologia pré-tribulacionista a nossa Declaração de fé afirma: "Cremos, professamos e ensinamos que a segunda vinda de Cristo é um evento a ser realizado em duas fases. A primeira é o arrebatamento da Igreja antes da grande tribulação, momento este em que nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados" (1 Ts 4.17).
A segunda fase é a sua vinda em glória depois da grande tribulação e visível aos olhos humanos: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram e todas as tribos da terra lamentarão sobre ele. Sim! Amém! (Ap 1.7)".
Além do pré-tribulacionismo, defendemos aqui os demais pressupostos teológicos escatológicos, historicamente defendidos por nossos "pais" como, por exemplo, o pré-milenismo, ou seja, cremos na literalidade do milênio o reino milenar de Cristo, onde o mesmo reinará por 1000 anos a partir de Jerusalém. O milênio, ocorrerá depois da grande tribulação.
Outras correntes escatológicas tem buscado infiltração entre nós Pentecostais, principalmente os pós-tribulacionistas.
Os pós-tribulacionistas (que em muitos casos são também aliancistas e amilenistas) são aqueles que crêem que a igreja passará pela grande tribulação, ou seja, propagam que Jesus só virá arrebatar sua igreja ao final da grande tribulação.
Nós, como já dissemos, não cremos assim e temos elementos bíblicos suficientes para defendermos aquilo que cremos! Jesus arrebatará sua igreja antes da grande tribulação.
Eis algumas das muitas referências bíblicas que demonstram essa verdade:
(1 Ts 4.16,17; Ap 3.10; Hb 9.28; 1 Ts 5.9; 1 Ts 1.10; 2 Ts 2.6,7).
* Além do que expomos acima, o Pentecostalismo Clássico assembleiano (principalmente), tem sido "atacado" em outras "frentes".
Isso parte de vários outros grupos religiosos, entre eles estão grupos heterodoxos e heréticos. Esses grupos proliferam suas ideias principalmente via mídias sociais. Infelizmente, muitos desses grupos têm influenciado teologicamente muitas pessoas no nosso meio. Entre muitos deles citaremos:
*Adventistas do sétimo dia
O Adventismo do Sétimo Dia é um desses grupos heterodoxos com considerável poder de influência entre outras tradições cristãs!
Algumas das muitas heresias ou distorções doutrinárias dos Adventistas.
1. Fonte de autoridade.
Para os mesmos, os escritos de Ellen G. White, em nada difere em grau de inspiração das Escrituras (A sacudidura e os 144.00, p. 117)
2. A doutrina do "juízo investigativo".
Segundo ensinam, Cristo não completou sua obra redentora na cruz. (O grande conflito. p.420)
3. A natureza "pecaminosa de Jesus". (O desejado de todas as nações, p.82)
4. Sono da alma ou mortalidade da alma. (Subtilezas do erro, pág.217)
5. Jesus é o arcanjo Miguel (Primeiros Escritos, pág.164)
6. A igreja remanescente. ( Subtilezas do erro, pág.30).
Além dos citados acima, existem muitos falsos ensinos ensinados por esse grupo religioso.
Além dos Adventistas, ainda existem outros grupos religiosos, seitas, modismos, grupos heterodoxos e ideologias, que vão na contramão daquilo que cremos, e que infelizmente tem procurado, às vezes com êxito, exercer algum tipo de influência entre nós Pentecostais. Tais como:
1. Teologia da prosperidade
2. Teologia da confissão positiva
3. Teologia coaching
4. Teologia da missão integral
5. Ecumenismo
6. Marxismo Cultural, e muitos outros. Vigiremos!
Por fim, ratificamos que, nós cristãos e particularmente, Pentecostais, devemos ter um apreço especial pelas Escrituras Sagradas.
Não existe Cristianismo sem Bíblia!
A Bíblia é nossa única regra de fé e prática e é impossível termos comunhão com Deus sem o apreço pela mesma.
Da mesma sorte, jamais faremos frente a tantos desvios doutrinários e heresias se não formos apegados às Escrituras.
Se tivermos alicerçados na mesma, os nossos "alicerces" jamais serão corroídos pelo engano. Sola Scriptura!
Também reforçamos a necessidade de cada membro, obreiro, professor, líder, etc, estudar e conhecer a nossa Declaração de fé, que como já dissemos, é uma síntese sistematizada daquilo que cremos, não abrindo mão também, de conhecermos ainda mais a nossa boa teologia, em: Bíblias de estudo, livros de teologia, teologias sistemáticas, comentários bíblicos, lições de Escola Dominical, e outras.
JESUS CRISTO SALVA, CURA, BATIZA NO ESPÍRITO SANTO E BREVE VOLTARÁ.
Maranata vem Senhor Jesus! Amém!
Em Cristo, Romário Rodrigues.